‘Raji: An Ancient Epic’ uma aventura cultural

‘Raji: An Ancient Epic’ uma aventura cultural

Raji: An Ancient Epic foi uma grata surpresa. Estava animado para jogar este game, mas não esperava que ele fosse me prender tanto. Com pouca mais de seis horas de gameplay, o jogo me levou para uma viagem pela cultura indiana, seus deuses e mostra a capacidade de um pequeno time de um país de terceiro mundo em contar uma bela história.

‘Raji: An Ancient Epic’ uma aventura cultural

O plot principal é simples: uma garota em busca do irmão raptado. Mas a condução da narrativa é muito cativante. Acompanhamos a artista circense Raji, que vê seu irmão, Golu e diversas outras crianças serem capturados por demônios para objetivos tenebrosos. A história é contada de três maneiras:

  • Cutscenes: observamos o desenrolar da história principal, o diferencial aqui é a criatividade dos desenvolvedores que optaram por conduzir essas cenas através de animações como se fosse um teatro de sombras com bonecos;
  • In Game: aqui temos uma relação mais direta com Raji, a protagonista, que reage ao sofrimento que presencia, surpreende-se com as belas paisagens e chama o inimigo pro embate;
  • Narração: deuses hindus conduzem a narrativa, guiando Raji e nos contando, através de belas artes a mitologia hinduísta. São belíssimas aulas na forma de jogo.

Toda essa experiência me prendeu muito a cada dialogo no jogo. A riqueza apresentada na história é impressionante e me faz perguntar porque demorou tanto tempo pra que um jogo baseado na cultura indiana aparecesse. E todo o destaque que ele possa ter é merecido.

Imenso em sua concepção

Raji: An Ancient Epic feito pela Nodding Heads Games, uma desenvolvedora indiana com pouco mais de treze funcionários envolvidos no projeto, não inovou com o game. Mas, ela pegou aquele prato simples e adicionou uma pitada de curry que fez toda diferença.

Ele é um hack’n’slash competente, não excepcional, e isso de forma alguma é um demérito. O jogo te da algumas opções de armas, que podem ser melhoradas através de habilidades que são acopladas as armas. Essas habilidades são separadas em três elementos: Gelo, Fogo e Raio. E cada um desses elementos tem três habilidades atreladas a eles que são compartilhadas por todas as armas. A jogabilidade delas são bem parecidas, embora haja particularidades, como área de alcance e efeito de ataque. Cada combate se dá em forma de arena. Então, em sua andanças pelo cenário, em áreas especificas, será criado um “circulo” de proteção e você terá que derrotar todos os inimigos para progredir.

Há uma variedade bem legal de inimigos e alguns são bem difíceis, mas os combos possíveis e a evolução das armas ajudam bastante. Além de serem visualmente muito bonitos. E ai chegamos a outro ponto muito legal de Raji.

O jogo é muito contemplativo, seu level design é feito para ser apreciado, então vá sem pressa. Mas não bobeie, senão vai acabar escorregando de muito alto. A transposição pelo cenário através de acrobacias é uma característica bem implementada, principalmente porque a protagonista é uma acrobata. E, embora o jogo seja linear, a composição do cenário, vasto e rico em detalhes, as vezes pode te deixar meio confuso sobre por onde seguir.

Raji: An Ancient Epic

Eu ascendi ao panteão hindu

Sim, eu alcei a Raji a uma das protagonista de games do ano. Nem de longe menosprezo outras personagens! Mas minha breve jornada com ela me despertou interesse sobre as lendas hindu. Mais do que isso! Enquanto eu acompanhava sua caminhada, lutando freneticamente para libertar seu irmão, eu senti a sua ascensão. Entre deuses e seres místicos, me senti como uma esponja, absorvendo toda aquela informação.

Eu aprendi e você também pode. Aliás, eu até recomendo porque várias conquistas do game estão relacionadas as histórias contadas a jovem Raji. Espero que vocês ao jogar se debrucem nessas histórias. Acho que são essências para uma experiência completa.

Não que eu tenha achado outros aspectos do game menos importantes. Mas sim, por acreditar que esse olhar possa engrandecer a sua jogatina. Ainda mais sabendo que esta obra foi feita por um time relativamente pequeno.

Enjoy!

Eu ainda tive a oportunidade de conversar com indianos enquanto jogava. É isso mesmo! Joguei o game durante uma live na Twitch e tive audiência de indianos procurando o jogo. Foi muito legal conversar com eles e saber se o jogo era algo fiel a sua cultura. E a resposta foi positiva. Então, ao jogar, tenha consciência de que você está aproveitando um game que traz muito da cultura de um povo.

Isso que eu nem falei das canções, que são belas, bem características,  e dão o tom certo pra cada uma das fases. Foi uma bela surpresa. Ficarei de olho em mais jogos desta desenvolvedora no futuro. Ah, e já ia esquecendo de citar que a publicadora do game é a SUPER.COM que também publica o jogo da desenvolvedora brasileira Bad Minions, o Alchemist Adventure.

Raji: An Ancient Epic

Se tiverem a oportunidade, por favor, joguem. É uma obra que merece sua atenção. Como eu disse acima, não há grandes inovações aqui, não espere isso. Mas há, sim, uma execução bem feita de algo simples. Divirta-se!

Raji: An Ancient Epic esta no Nintendo Switch, Playstation 4, Xbox One e PC. Está em todas as plataformas, então não perca essa oportunidade 😉

Eddy Venino