Não é apenas sobre Jacksonville
Não é apenas sobre Jacksonville
Desde ontem (26/08) venho acompanhando a tragédia que ocorreu em Jacksonville, Flórida. Mas cito o Estados Unidos unicamente por localização. Por ser onde ocorreu este triste episódio na história da comunidade gamer. Também cito nossa comunidade unicamente por, de fato, isto ter ocorrido num ambiente onde celebrava-se os games.
Mas porquê pontuo isso?
Porque, embora esta triste notícia tenha vindo de dentro do hobby que tanto amamos, este não é um problema exclusivo da comunidade gamer. Muito longe disso, aliás. Infelizmente, esta banalidade, este desprezo pela vida, vem de todos os lados.
Mas se você não sabe do que estou falando, vou rapidamente contextualizar:
Neste domingo, em Jacksonville, houve um campeonato de Madden NFL num evento de games. As partidas estavam, inclusive, sendo transmitidas pela Twitch. O trágico, é que um dos participantes, após ser eliminado da competição, resolveu disparar contra os outros competidores e depois tirar a própria vida.
Era um jovem, de 24 anos. Acabou com sua vida e com a vida de mais duas pessoas. Ele também feriu uma outra dezena, assustou e/ou traumatizou a muitos lá e repetiu um ato que está ficando cada vez mais comum no mundo. O ato da ‘Não-importância’.
Há muita desgraça no mundo desde que a humanidade nele habita. Isso não é uma situação exclusiva da nossa geração. Já houveram guerras, crimes coletivos de povos contra povos, segregação e muita, MUITA morte por nada. Não vou me alongar aqui e nem focar no que ocorreu neste domingo. Mas o ponto é que já vivemos tanto e a humanidade já cometeu tantos erros para chegarmos aonde estamos que quando algo do gênero acontece, por algo tão efêmero, o meu mundo se abala.
Tenho 30 anos, dois filhos pequenos e vivo no Brasil. Já me aconteceu muita coisa nessa minha curta vida, coisas que não desejo a ninguém. Tento então, usar tudo o que aprendi, para elucidar as pessoas sobre o quão perigoso podem ser suas escolhas. Principalmente as mais simples. Porque são elas é que vão lhe dar a base para quando você for tomar decisões mais complexas.
Hoje não vivo nas melhores das condições financeiras, mas sei que foram as minhas escolhas que me trouxeram aqui. Independente delas terem sido acertadas ou não, a responsabilidade é minha. Hoje sou o que eu escolhi e por isso tenho uma família maravilhosa.
Nós e os Games
Os games nos contam histórias com as quais, muitas vezes, nos identificamos. Hoje os desenvolvedores sabem que conversam com muitos públicos, de várias idades, etnias, classes sociais e gêneros. Jogar vídeo-game não é mais “coisa de nerd”. É uma indústria bilionária que deve, por obrigação, entregar os mais diversos tipos de entretenimento para seus consumidores.
Nós jogamos, seja casualmente ou buscando profissionalização, escrevemos sobre, gastamos com marcas, nos orgulhamos de nossas coleções, compartilhamos histórias e ótimos momentos com familiares e amigos. E muitos desses laços criados graças aos jogos. E é nisso que devemos focar, é isso que devemos compartilhar. E não, ódio. Risadas sim, uma guerra estúpida por qual console é melhor, nunca.
Hoje se mata por causa de uma discussão, por causa de um celular, porque o outro pensa ou é diferente. E não importa se é adulto ou criança. E isso nos dois casos, tanto da vítima quanto do executor. O que nossos filhos estão vivendo, o que eles estão aprendendo de errado para se importarem tão pouco com a vida do próximo?
Jogo desde que me entendo por gente e espero continuar “gente” enquanto jogo. Se algum dia me exaltei ou te ofendi por algo tão pequeno como perder uma partida, peço desculpas. E espero que nada se esvaia, nada além de coraçãozinhos vermelhos. Porque nos games temos vidas infinitas, mas no mundo real temos apenas um breve momento neste mundo.
P.S.: O vídeo da competição onde aconteceu a tragédia está circulando na internet. Mas se você quer um conselho, não veja. Não tem cenas fortes, mas ouvir os pedidos de socorro e os disparos é algo horrível.
O surto de misantropia nunca foi tão grande
hoje somos criados de forma que é fácil se perder, e se perder de forma em que não se encontram mais…
Vivemos em um mundo em que as pessoas são privadas facilmente de coisas básicas e não falo apenas de comida, água, abrigo, falo também de amor… ” O ser humano deve desenvolver, para todos os seus conflitos, um método que rejeite a vingança, a agressão e a retaliação. A base para este tipo de método é o amor.”
Martin Luther King.
Claro que as ações do rapaz não estão certas, infelizmente, da maneira que projetamos nossa sociedade, isso só tende a aumentar.
Só Deus sabe quantas ”bombas relógio” como este estão por ai apenas suportando até não suportarem mais…