Dandara | Game Brasileiro – Análise
Desenvolvido por um time de Belo Horizonte, Dandara é um jogo que tem chamado atenção e fazendo muito barulho no cenário indie. Confira a nossa análise do game.
Dandara
Sobre os desenvolvedores
É cada vez mais fácil escrever, jogar e discutir teorias com os amigos sobre games brasileiros. Para quem joga constantemente, com certeza já esbarrou em algum jogo desenvolvido por uma equipe de brasileiros. As desenvolvedoras começaram tímidas, realizando, em sua maioria jogos para mobile. Mas tão logo ganharam destaque já começaram a se arriscar mais e agora são fortes no cenário e começam a preparar o terreno para investidas mais arriscadas.
Dandara faz parte de uma categoria de games em que o Brasil já cravou seu lugar; que são os jogos indies. Mas isso não tira nem um pouco o brilho do game. Dandara é um side-scrolling com arte em pixel e uma bela trilha sonora; mas dizer só isso sobre o jogo é de uma pobreza sem tamanho.
O jogo foi feito pela Long Hat House, desenvolvedora mineira que tem como cabeças a dupla João Brant e Lucas Matos, que conceberam o jogo e criaram toda a mecânica e narrativa do game; temos também para completar o time de Dandara, o artista Victor Leão e o músico Thommaz Kaufmann, que cuidam da arte e trilha sonora do game, respectivamente.
Dandara e a equipe por trás do game também tiveram o mérito de conquistar alianças preciosas; a Raw Fury, uma publisher sueca, acabou abraçando o game brazuka e fez a divulgação e distribuição do game, e isso deu um grande impulso para o jogo brasileiro.
Sobre o game
Acho Dandara, um vislumbre do que os brasileiros podem fazer; a própria Long Hat House me parece uma das desenvolvedoras que irá se destacar muito ao longo dos anos. Mas digo que Dandara é um vislumbre por que sei que o Brasil ainda não mostrou tudo do que é capaz. Muitos profissionais são absorvidos pelo mercado internacional. Artistas daqui já trabalharam em games como o novo God of War e Horizon Zero Dawn. E Dandara é uma demostração poderosa da engenhosidade brasileira.
Arte de Dandara
Em Dandara temos uma arte apurada e muito bem trabalhada nos pixels, escolha, geralmente acertada, para jogos side-scrolling. Não vemos nenhuma grande inovação nesse quesito, mas a escolha pelos pixels favorece a rapidez que o jogo exige; complemento, dizendo que o artista trabalha e domina muito bem os elementos utilizados para animar a aventura na qual mergulhamos. Não ter nenhuma inovação não quer dizer necessariamente que seja ruim, apostar com segurança muitas vezes pode trazer um ótimo resultado. E esse é o caso da arte de Dandara.
Mecânica de Dandara
Dandara é um metroidvania em sua essência, e não se pode escapar muito do que esse gênero de game é. Mas Dandara consegue inovar justamente ai.
Primeiramente para quem não sabe o que é metroidvania, cabe aqui uma curta explicação para contextualizar: para uns e para outros fica meio claro que essa amálgama resulta das palavras Metroid e Castlevania. Esses dois games tem características semelhantes e acabaram fazendo escola. Com isso muitos outros games acabaram seguindo a receita e esse sub-gênero de games side-scrolling acabou surgindo. Nos games metroidvania temos um mapa interconectado, o que acaba resultando numa progressão não linear no game; você revisita os mesmos lugares em momentos diferentes da narrativa; lugares que antes não poderia trespassar por não ter uma certa habilidade, num futuro ao adquirir a tal habilidade você pode retornar ao local e vencer esse obstáculo. De forma simples, isso é um metroidvania.
Saltos e Combate
Dandara traz em seu DNA o sub-gênero em cima citado, mas consegue acrescentar novos elementos a ele. O deslocamento de Dandara é esse ALGO a mais na mecânica do jogo. Ao invés dela se descolar e progredir pelo cenário de forma horizontal, Dandara salta pelo cenário, utilizando além do solo também paredes e tetos para o seu deslocamento. São saltos rápidos e precisos, e com o acrescimento desse elemento toda a estrutura do jogo é afetada.
Combates são velozes, além do deslocamento rápido nos combates, Dandara solta projéteis de energia de suas mãos; fora pequenas potencializações que ele tem durante o jogo, isso é tudo o que você tem contra todos os inimigos, seus projéteis e sua velocidade. Então você tem que se valer do seu raciocínio rápido e desses tiros – que não tem um alcance muito longo, o que te obriga a ficar perigosamente próximo aos inimigos – para superar seus adversários. E com o deslocamento com base nos saltos o cenário influência muito nas suas decisões de combates, o que pode facilitar ou dificultar muito a sua vida no game. Se há um legado de Dandara para a mecânicas de games, com certeza são seus saltos.
O jogo também traz um sistema de upgrade bem leve, sem customização, em que você ao pegar o Sal – que é uma constante na narrativa do game, ele é tanto o mundo onde eles habitam como faz parte dos elementos que nos cercam – pode com quantidades definidas aumentar sua barra de vida entre outros atributos. Mas cuidado, a cada encontro onde você leva a pior, você também perde todo o seu Sal; mas, de forma similar a série Souls, voltando ao ponto da sua morte, você pode recuperar o Sal perdido.
A Contextualização de Dandara
Falar que a narrativa de Dandara é primorosa é ir longe demais; mas dizer que o game não te envolve também é mentira. Temos em Dandara a busca pela liberdade da protagonista, não só para si, mas também para seu povo. No game ela parte numa cruzada contra a repreensão dos sonhos e liberdades da sua gente e acaba batendo de frente com uma grande grupo opressora para alcançar seu objetivo. Para nós, brasileiros, há muitas familiaridades; muitas localizações são representações de centros urbanos brasileiros, com itens que vemos com facilidade ao sair de casa; placas de ruas, caçambas de lixo, barzinhos e grafites nas paredes. Para o público internacional há um tema universal, que é a liberdade e a luta para garânti-la.
A história é contada através das conversas com os personagens que você encontra, todas textuais. E nesses personagens encontramos mais referências a cultura brasileira, como a personagem Tarsila, que é uma versão do quadro Abaporu, da pintora Tarsila do Amaral. Também podemos reparar que alguns personagens, como Thommaz, são versões dos próprios desenvolvedores do game em seu jogo. A protagonista Dandara é baseada na Dandara, escrava guerreira capoeirista que lutava ao lado de Zumbi dos Palmares para a libertação de seu povo. As conversas do game são o mais próximo de interação que você terá com a história; fora os combates que é, na minha opinião, o que passa melhor o tom de Dandara.
Considerações
Dandara ainda não é aquele game que será a representação máxima do que o mercado brasileiro tem a oferecer no momento; nem acho que essa era a pretensão dos meninos da Long Hat House. Eles trabalharam com uma equipe bem pequena para desenvolver o game. Ainda assim conseguiram um resultado excelente e um equilíbrio muito bom entre narrativa e gameplay. É um jogo com um nível de dificuldade muito bom e constantemente te faz elevar o seu nível de dedicação, principalmente no inicio onde você ainda não tem muitos recursos.
Dandara tem uma variação de preços entre R$30,00 a R$50,00 dependendo da plataforma que escolher. É um jogo divertido e, principalmente, desafiante. Ele vale seu investimento.
Também falamos sobre o Dandara em nosso canal no Youtube, então confira abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=vwucGlqUt-k
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