Contos sobre Games – Na Mira.
Em Contos sobre Games – Na Mira, eu começo uma nova proposta aqui no Nerfando, um cantinho reservado para a criação. Quem me conhece sabe que sempre amei escrever, comecei como redator web por causa disso. Entretanto meu alvo principal não era a internet; estudo e escrevo roteiros e estou arriscando alguns contos e, quem sabe, um futuro romance.
Espero que gostem dessa nova proposta, irei postar um novo conto por semana, sempre com a temática gamer. Caso não se interessem, respeito isso e agradeço o seu apoio ao blog, as notícias e artigos continuaram normalmente. Não vou mais me estender aqui, confira o primeiro Conto sobre Games:
Na Mira
Eu sabia que os olhares estavam sobre mim. Não só os olhares de expectativa, de tensão. Havia também aquele olhar duvidoso, de julgamento. E isso pesava.
Tiros por todos os lados. Eu sabia que se fizesse um movimento errado, a mira precisa do sniper inimigo espalharia meu miolos pelo chão. E eu podia sentir o olhar direto da maldita daquela sniper bem na minha direção, e não havia só ela. Todos da minha equipe haviam caído, menos eu. E do lado oposto estavam todos de pé.
E os olhares estavam todos sobre mim.
Em meio ao tiroteio e gritaria, não havia espaço para erros. Não havia espaço para dúvidas, sejam minhas ou de outros. Lutei várias outras batalhas. Já tive derrotas. E vitórias suadas. Já perdi as contas de quantas vezes tive que provar do que era capaz. No campo de batalha e na vida.
A sniper não está mais sobre mim, viro pra esquerda e corro. Por sorte não havia ninguém no corredor naquele instante. A pressão aumentava e cada movimento meu teria que ser quase uma clarividência. Atravesso um portão entreaberto, vejo atiradores subindo as escadas para tomar novas posições. Eles não me vêem. Dou dois tiros rápidos. Dois tiros precisos. Duas baixas do outro lado. Sorrio, de nervoso e adrenalina. A hipófose começa a trabalhar e libera endorfina, minha tensão baixa e começo a relaxar. Começo a vislumbrar a vitória.
Subo pelas escadas e sou surpreendida com tiros do andar de cima. Para meu azar, e sorte do inimigo, um deles me atinge. Queima. Dói. Mas me mantenho de pé; e não posso parar. Avanço, chuto a porta em meu caminho e saco minha escopeta. Esperavam que eu recuasse. Foram surpreendidos. Foram mortos. Agora só falt…
– Aaarrgh! – urrei ao ser atingida.
Aquela maldita sniper me acertou. Estava fora do complexo, mas mesmo assim me acertou. Muitas vezes um bom equipamento faz a diferença. Mas em todas as vezes, a habilidade é que te mantem vivo. Por um vislumbre de instantes pude inclinar e evitar um tiro direto na minha testa. O reflexo da mira denunciou-a. Com certeza o nervosismo também havia lhe prejudicado a mira. Sua equipe inteira havia sido morta, por uma só pessoa. O mesmo peso sobre os meus ombros, o inimigo agora também sentia. Os mesmos olhares duvidosos. Mas hoje era o meu dia, não o dela.
Eu estava no chão, sangrando, mas fora do campo de visão da sniper. Ela teria que me alcançar para me matar e eu já estava do lado da bomba.
Desarmei a bomba. Ganhamos a partida. E calei algumas bocas; pelo menos por hora.
Nem o meu clucth vai fazê-los me respeitar em definitivo. Minhas batalhas são travadas todos os dias. Dentro e fora dos games. Ser uma pro player me traz vantagens. Ser uma pro player me traz cobranças. Ser uma pro player me dá a oportunidade de mostrar que vão ter que ralar muito pra chegar onde estou. Podem até parecer duvida em alguns olhares, mas sei que é inveja.
E então? Rusha ou dá rage quit?
#RespeitaasMina #MyGameMyName
Fiz esse primeiro conto inspirado na situação, infeliz, que as mulheres enfrentam todos os dias em suas vidas: a dúvida. Tendo que se provar dignas todos os dias isso atrapalha muito a evolução de nossas cyber atletas. Sem o peso de uma cobrança irracional as meninas alcançariam alturas ainda maiores. Sejam homens ou mulheres, apoiem e respeitem suas escolhas e conquistas.
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*Imagem: Rainbow Six Siege