“Mano, que realístico!”
Sim, era com esta exclamação que o Eddy de 11 anos ficava boquiaberto toda vez que via uma cutscene de Resident Evil 2. Na época, para todos do meu circulo de amigos, era “ceninha” e não cutscene. Termos “sofisticados” em inglês e toda a bagagem de jogos que tenho hoje estavam ainda muito distantes. Naquela idade eu nem sonhava em trabalhar com algo relacionado a games. Então minhas preocupações em relação a avaliações do game se limitavam a: “É dahora?!”.
Época mais simples, com mais inocência, mas nem por isso menos divertida. Alias, acredito que me divertia mais na época do que agora. Hoje absorvo o jogo de uma maneira muito diferente, embora eu tente não me aprofundar apenas em aspectos técnicos, é impossível ignorar certas coisas. Mas a minha prioridade nunca mudou em relação ao que é mais importante num game:
Isso sempre foi o meu foco, desde moleque. Hoje o sentimento amadureceu, mas não deixou de existir. E uma das franquias que cresceu comigo e me ajudou a enxergar essa afinidade que eu tinha com os games foi Resident Evil. E minha porta de entrada para a franquia foi justamente o segundo jogo. Não comecei a jogar a franquia de forma cronológica, mas isso foi muito bom, porque Raccoon City me recepcionou em RE2, e o caos que havia nela me arrebatou.
Com certeza, ao olhar pra trás, vemos que os gráficos estão datados, mas na época, jogando em minha TV de 14 polegadas, aquilo era incrível. A tensão que havia a cada esquina; a expectativa que se formava a cada porta aberta; a alegria na progressão do jogo a cada novo puzzle resolvido. Tudo ali me atraia. Sua trilha sonora que nos acompanhava de forma quase obsessiva e que nos prendia de tal maneira, que enquanto estamos imersos nela e prestando atenção em nosso trajeto éramos, de repente, surpreendidos, seja por zumbis nas janelas, cães, corvos ou um licker safado. Se você não se assustou ao menos uma vez com o licker quebrando o vidro da sala de interrogatório, você está mentindo!
Temos uma apresentação magistral no primeiro jogo e uma expansão magnifica de lore no terceiro. Mas, na minha percepção, sem o impacto que o segundo título trouxe, talvez a franquia não tivesse decolado.
É impressionante como um jogo que tinha a ação entrecortada por ângulos de câmeras específicos para cada cena podia fascinar tanto. Hoje, quando vejo algum gameplay do jogo de 98 me da uma certa aflição no inicio, pelo ritmo quebrado que aquilo me passa. Mas depois de alguns minutos já estou imerso, e lá está de volta o Eddy de 11 anos, prestando atenção a cada som de passo ou cartucho de bala que voa a cada tiro.
Sim, muito disso é nostalgia. Mas sei que não é aquela nostalgia boba e ignorante que faz com que as pessoas queiram tornar aquilo um objeto santo e irretocável. Sei que o jogo tem seus defeitos, sei que sua época de reinado passou. Mas toda vez que vejo algo relacionado a esse game o meu coração aquece e um frio na barriga bate. Me dá ansiedade e uma vontade de joga-lo novamente. Ter mais uma vez a oportunidade de encarar William; realizar viradas de 180° para poder fugir de crocodilos gigantes enquanto meto tiro de doze (isso, é 12 mano, e não shotgun!) na cara dele; e claro, usar a Rocket Launcher (vai saber porque essa falávamos em inglês) infinita pra esculachar geral.
Joguei uma demo do remake com a Claire na Brasil Game Show 2018 e na semana passada a demo 1-Shot com Leon. E minha conclusão é de que este foi o momento perfeito para que a Capcom trouxesse de volta este fantástico título. Absolutamente tudo o que foi apresentado até agora está incrível.
Mas como disse mais acima, não fecho os olhos para os defeitos do jogo. Entretanto, nada que eu constatei como ruim atrapalha a minha diversão. Eu aceito os possíveis erros porque eles conseguem me entregar o jogo que eu quero jogar. Foi assim há 20 anos atrás e provavelmente será assim de novo.
Então, chegou a hora de eu retirar as minhas tralhas de algum baú com portais interdimensionais, preparar minhas ink ribbons e me tornar novamente um feliz visitante da cidade zumbi mais fascinante em que eu já estive.
#PartiuRaccoonCity
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